Psicologia e desigualdade de renda

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia, há mais de 375 mil psicólogos no Brasil, para uma população de 209,5 milhões de habitantes. Se fizermos uma divisão simples chegamos ao número de um(a) psicólogo(a) para cada 559 pessoas!

Sabemos que o serviço de psicologia tem um custo alto para a maior parte da população. Se nosso país tivesse uma melhor distribuição de renda e um equilíbrio econômico, muitas pessoas teriam acesso à um atendimento psicológico, porém nossa realidade não é esta.

O valor mínimo da tabela de atendimento psicológico é de R$ 160,50 por atendimento, segundo a referência nacional de honorários do Conselho Federal de Psicologia, de 2019. A média comum de atendimentos é um por semana, somando um valor de R$ 642,00 mensal, calculando quatro atendimentos no mês.

Segundo dados do IBGE, a renda média domiciliar per capta de 2019, estava em R$ 1.439, indo de R$ 635, no Maranhão, à R$ 2.685, em Brasília. Lembrando que esse valor é a soma da renda familiar, dividida pela quantidade de membros, sendo um cálculo médio, portanto há algumas famílias que recebem muito mais e uma grande maioria que recebe bem menos.

Partindo desta média de renda familiar por pessoa, um acompanhamento psicológico semanal, no valor mínimo de tabela, corresponde a mais de 44,6% da renda mensal. Lembrando que, mensalmente, há também os gastos com aluguel ou financiamento de moradia, transporte, combustível, alimentação, água, luz, internet, celulares, escola, roupas, produtos de higiene, medicamentos, lazer e gastos diversos.

Entendendo o serviço psicológico como de fundamental importância, em diversos momentos da vida, visto todos esses gastos fundamentais, como dedicar parte do salário para o atendimento ou acompanhamento psicológico? E como ficam as famílias de baixa renda, onde o gasto mensal de um serviço psicológico poderia chegar a mais de 100% de sua renda?

Como as crianças, os jovens, os adultos e os idosos podem ter acesso a um acompanhamento psicológico? A resposta é: não tem. Isso, a grande maioria da população não tem acesso, e muitas vezes não é por falta de interesse ou necessidade, mas por falta de renda. Para quem servem esses tantos psicólogos?

Alguém pode argumentar sobre o serviço público de psicologia, e sabemos que além de insuficiente para o atendimento das demandas, ainda costuma ter uma fila para o atendimento, uma triagem para casos mais graves, e uma brevidade no atendimento. E o mesmo ocorre em muitos dos planos de saúde.

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